Desafio: 30 days writing! - (01) Descreva um lugar

29.1.15


Finalmente havia chegado na casa em que o mapa indicara e apesar de estar mais antigo do que poderia imaginar, Anita identificou o "x" daquele papel velho, era ali mesmo, a menina estava com Carlos, seu melhor amigo, eles tinham esse costume de querer conhecer lugares que davam medo nas pessoas, talvez por terem tido a infância regada a desenhos do Scooby-Doo. Ambos estavam paralisados em frente da casa mais assustadora de que já foram atrás. Ficava em uma rua pouco iluminada e nenhuma casa em volta estava ocupada, talvez os antigos moradores dessas casas comprovaram a lenda de que os moradores pioneiros ainda viviam ali. Carlos apertou o ombro direito de Anita e disse que ainda havia tempo de eles desistirem, a menina revirou os olhos e disse que não tinham com o que preocupar, não era a primeira vez que faziam aquilo. Carlos engoliu seco enquanto encarava o casarão.

A grama estava alta, seca e espalhada até mesmo nos vãos do concreto que fazia caminho até a escada que dava acesso a porta da casa. Os passos que os jovens davam eram curtos e silenciosos, como se não quisessem perturbar os moradores dali (mesmo eles sabendo que não havia morador algum). A madeira da varanda rangia e Carlos jurou ter escutado passos dentro da casa. Anita foi até uma das janelas, não conseguia enxergar nada, então pegou um pedaço de seu casaco e cuspiu nele, usando-o para retirar a sujeira do vidro, a menina não se importava em ter ou não modos, seu espírito curioso vinha em primeiro lugar todas as vezes. A pouca luz que entrava na casa possibilitou que Anita enxergasse apenas dois móveis cobertos com lençóis que provavelmente um dia foram brancos, "vamos entrar" a menina ordenou, Carlos concordou e se dispôs a entrar primeiro. A porta de madeira estava emperrada, então o menino usou sua força adquirida nas seis únicas aulas de boxe da sua vida e conseguiu entrar.

O lugar realmente dava medo. O cheiro de mofo era intenso, fazendo que os adolescentes tampassem seus narizes com um pedaço de suas camisetas. Eles ligaram suas lanternas e conseguiram ver como era o local, ficaram espantados. As paredes foram decoradas com tecidos e papéis próprios para ela, porém, o tempo agiu sobre eles e fez com que desbotassem, rasgassem e sujassem. Um lençol foi retirado de um dos sofás, eles eram de muito bom gosto, camurça marrom, deve ter custado uma nota. Carlos em um pulo deitou naquele sofá, que, por ser antigo, não aguentou, rasgou-se no momento em que o peso do rapaz foi em cima dele, Anita escutou seu amigo murmurando algumas palavras repreensíveis e voltou a observar a casa, apontou a lanterna para o teto e viu um lustre mediano, parecia aqueles em que se via na casa dos ricos das novelas, embora a televisão não os mostre com tanta teia de aranha como esse tinha. Um barulho veio da cozinha, os dois se assustaram, Carlos sugeriu que eles fossem embora, mas Anita disse que provavelmente só eram ratos, visto que havia uma quantidade enorme de fezes desses bichos espalhada pelo chão.

Ela continuou andando e viu uma escada logo a frente, o corrimão estava quebrado e a parede ao seu lado estava claramente sofrendo de infiltração, a menina pensou então que naquela porta perto da escada havia um banheiro, ou melhor, um lavabo. Decidiu subir as escadas, perguntou para Carlos se ele queria, o garoto respondeu que estava melhor ali, ela deu de ombros e subiu. Cada degrau era uma atenção especial, Anita não pisaria de qualquer maneira naquela escada tão antiga, o perigo de uma daquelas tábuas quebrarem existia. Aquela escada era o início de um corredor um tanto extenso do andar de cima, haviam três portas de cada lado, havia animais no meio daquelas paredes e a menina não conseguia ignorar o barulho que eles faziam. Ela tocou na maçaneta empoeirada da segunda porta da direita e entrou em um quarto, pelo tamanho, ela diria que era o quarto principal da casa. Se aproximou da cama e, pulando, sentou-se. As molas machucaram e a poeira que subiu a fez tossir. Escolha não muito inteligente que fizera. Apontou a luz de sua lanterna para a porta do closet e ponderou se abriria ou não, pois o máximo que iria encontrar eram roupas com pedaços comidos pela traça. Mais uma vez, sua curiosidade falou mais alto. Ela levantou e, lentamente, caminhou na direção da porta do closet, respirou fundo ao tocar na maçaneta e, no momento em que ia abrir, sentiu uma mão gelada  pousar em seu ombro esquerdo.

Você poderá GOSTAR TAMBÉM:

0 comentários

Subscribe