Desafio: 30 days writing! - (03) Um gênero que você nunca tinha escrito antes

13.6.15

Mesmo que em poucos parágrafos, já escrevi vários gêneros, tentei encontrar algum que ainda não, porém sem sucesso. Então decidi escrever sobre um que escrevi pouco, mas que gostei da sensação que tive quando o fiz: distopia.

O chapéu impedia aquele sol ardente de queimar sua cabeça. O lenço em seu rosto diminuía o impacto que a areia levada pelo vento abafado causava. Sua costas começavam a incomodar, havia ficado em cima daquele cavalo durante mais horas do que estava acostumada, mas isso não a quebraria. Por mais que a situação não lhe era confortável, Bell não reclamava, nem mesmo por meio de suas ações, já estava acostumada a ter esses pequenos sofrimentos, era isso ou a destruição de toda aquela cidade. Antes que imagine, não, não estou falando de cidades com meio milhão de habitantes, isso ficou no passado. Hoje em dia as cidades costumam ter de dois a três mil habitantes, o controle que o governo tem sobre as pessoas se torna muito mais prático. Não que ele se importe com elas. Se eles realmente se importassem, já teriam dado um jeito de exterminar os grownimals, assim como fez na Grande Cidade. Grownimals é uma espécie criada em laboratório, é como um mix de um zoológico acrescentado de uma capacidade surpreendente de adaptação. Uma espécime, prenha, fugiu do laboratório. O resto todos conseguem deduzir.

Como se já não fosse suficiente, o mundo em que Bell nasceu e cresceu é árido, a chuva que raramente caía tinha que passar por inúmeros tratamentos para que se tornasse potável, sendo caro, consequentemente, não viável para aquela região, então eles recebiam água a cada duas semanas; se acabasse antes da próxima vinda do caminhão, eles tinham que se virar. Um dia, quando conseguiu visitar a Grande Cidade - que tinha visitas controladas, hora de saída e de entrada -, foi em uma biblioteca e leu sobre o velho oeste estadunidense, percebeu que sua realidade havia se tornado um reformulado velho oeste. O zumbido interrompeu o devaneio da mulher, uma grande nuvem de poeira surgiu no horizonte. Eles chegaram, pensou. Virou seu cavalo, sendo imitada pelos companheiros e companheiras, começaram a galopar de volta para a cidade, um dos homens que a acompanhava começou a tocar um berrante, com o som mais longo a medida que se aproximavam. Era esse o sinal para que todos os moradores descessem para seus porões. Entrando na cidade, todos os que estavam em seus cavalos foram até uma porta que já estava aberta, lhes esperando, cada um adentrou na maior velocidade que era possível, se virassem os rostos, já conseguiriam ver meia dúzia daqueles monstros.

Dessa vez todos conseguiram entrar, fecharam a primeira porta de aparência frágil e em seguida fecharam a segunda, que era reforçada, a que realmente impedia a entrada das bestas. O som de uma delas tentando derrubar ecoava no local, todos sempre ficavam receosos, apesar de saberem que era impossível a porta ser derrubada. Os cavalos não relinchavam, haviam sido levados para uma área mais restrita, qualquer som denunciaria que havia comida ali dentro para os grownimals. Uma vez a cada semana essas aberrações saiam de suas cavernas procurando por alimento, haviam seis cidades próximas, nunca ninguém sabia qual seria a atacada da vez, por isso a vigilância nunca poderia falhar. Por isso Bell nunca reclamava. O ataque não durava muito tempo, mas eles poderiam permanecer por algumas horas na cidade. Quando não conseguiam encontrar uma vítima, eles atacavam o mais fraco do bando. Bell não sabia dizer o que era mais frequente, pois eles levavam o alimento até suas cavernas, não deixavam rastros no local, mas sabia que as vezes, alguns moradores vacilavam no alerta.

Ela tinha a teoria de que a grownimal prenha não fugiu simplesmente, mas sim que, a mando do Estado, foi deixada todas as condições que facilitassem sua "fuga". Era um meio fácil de manter o controle populacional sem que ele seja publicamente o culpado. Bell nunca falou sobre isso para alguém, mas um dia iria desmascarar todos esses homens estúpidos que pensavam ter o direito de decidir sobre a vida das pessoas. Um dia essa farsa teria que acabar.

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