Resenha: A Casa das Orquídeas

3.11.16

Título: A Casa das Orquídeas
Autora: Lucinda Riley
Ano: 2010
Nº de páginas: 560

Há tempos não lia um livro que me fez ficar tão grudada em cada folha, em cada parágrafo. Que não me fazia ficar falando sozinha quando precisava interromper a leitura para fazer alguma outra coisa. A Casa das Orquídeas talvez possa ter me conquistado pelo simples fato de eu não ter esperado nada de sua história, para mim, aquele seria apenas mais um livro de romance, mas ela se mostrou muito mais do que isso. Antes de falar de fato sobre ele, queria adicionar que sua sinopse nos engana, ela conta que a história que leremos são sobre duas histórias de amor, mas, na realidade, ele fala somente de uma história de amor. A outra? Bom, a outra é sobre uma grande traição.

Como uma máquina do tempo, o livro nos carrega para lá e para cá em duas épocas diferentes, mas que tem como fundo a mesma casa: a grande Wharton Park. A mais recente fala sobre Julia, uma famosa pianista que sofreu duas perdas enormes poucos meses antes e que encontrou refúgio no chalé que seus avós moraram nos tempos áureos da propriedade, em que serviram como trabalhadores para os Crawford. Ela tem sua irmã mais velha, Alícia, casada e mãe de família, que sempre está disposta a ajudar, mas que não recebe muito reconhecimento da mais nova. Encontra pelo caminho Kit Crawford, que a princípio pretende vender Wharton Park, mas que conforme a história segue seu curso, se mostra ser um homem prestativo e uma importante fonte de força para a pianista. Em meio a essa história, ela encontra um antigo diário que acredita ser de seu falecido avô, então, ao recorrer a sua vó, eles acabam descobrindo uma história surpreendente e a chave para o grande segredo que a velha propriedade carrega.

Nos levando para acontecimentos iniciados no ano de 1939, momentos antes da Segunda Guerra Mundial estourar. Lá conhecemos Olivia, Adrienne, Harry, os avós de Julia quando novos e Lídia, a jovem tailandesa. Seria a segunda história de amor? Talvez para Lucinda, porque para mim é apenas uma grande história de traição. Como expor minha opinião sem revelar o grande mistério? Acho que chega a ser impossível. Mas quem leu, me entende, e quem ainda vai ler, me entenderá. Nós não podemos culpar outros pelas nossas decisões precipitadas, não podemos fazer com que outros sofram por lapsos egoístas que podem resultar em sérias consequências. Se Harry tivesse cortado o "mal" logo no início, ninguém sofreria, inclusive ele mesmo. Olha eu quase escrevendo coisas demais por aqui.

Mas por mais que haja decisões e atitudes duvidosas, A Casa das Orquídeas nos traz uma importante questão: a de vivermos nosso presente sem deixar que o passado nos mate todos os dias. Esse ano conheci uma frase incrível: "Parar de sofrer não é esquecer, é ter esperança no futuro" e é isso que o livro trata. Júlia sofre por ter medo de quando a dor ser suportável, signifique que o que perdeu não era tão importante. Olívia não soube o significado dessa frase, seguiu por caminhos que não imaginaríamos. Lídia e Kit desejam que todos aprendam isso. Cada um tem o seu tempo, isso a história volta e meia nos conta, mas, independentemente do tempo, todos temos que aprender a lidar com os problemas. Cada um tem seus próprios demônios a serem enfrentados. Cada um tem que aprender a enterrá-los. A Casa das Orquídeas é sobre perdas, recomeços, perdão e consequências, e, de uma forma bem camuflada, é sobre a vida.

A maneira que Lucinda descreve suas cenas faz com que nos transportemos imediatamente para o local. Seja sentindo o aroma de uma flor, o calor de uma estufa, o barulho de ruas cheias de pessoas, o vento frio anunciando o início do inverno e o sol acalentando nossa pele em uma primavera. Foi maravilhoso ver que nenhum personagem foi esquecido pela autora. Foi dada a importância necessária para todos e o fim deles também explicado. Em certa altura, pode ser que você pense que está lendo uma novela mexicana e, se seguir essa linha, aposto que, assim como eu, vai conseguir adivinhar os eventos seguintes. Mas garanto: apesar de provocar algumas risadas, em nenhum momento isso tirará o mérito da história. Você vai sentir ansiedade, vai ficar triste, com raiva, feliz e com pena. Também vai se desapontar com alguns personagens e se surpreender com outros. Mas não é esse o trabalho de um bom livro?

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