Resenha: Conte-me Seus Sonhos

28.8.15

Título: Conte-me Seus Sonhos
Autor: Sidney Sheldon
Ano: 1998
Páginas: 294

Tem spoiler, viu?

Sabe quando o livro tem todos os elementos para te prender, mas mesmo assim não consegue? Então você acaba sentindo uma pontada de desapontamento quando fala sobre ele? Essa sou eu nesse exato momento. Eu tenho essa queda por assuntos relacionados a distúrbios psicológicos, tanto que uma amiga me emprestou esse livro, pois Conte-me Seus Sonhos trata sobre TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade), popularmente conhecido como Múltiplas Personalidade/Dupla Personalidade. Recentemente falei sobre esse problema quando fiz o post de United States of Tara, quem leu na época (ou que abriu em uma nova aba para ler quando terminar essa resenha) sabe a frustração que senti. De certa forma, essas duas histórias tiveram o mesmo problema para mim, mas ao mesmo tempo foram problemas diferentes.

Aconteceu de USoT amornar durante as temporadas, chegando até mesmo esfriar, mas com Conte-me Seus Sonhos ocorreu o contrário, aconteceu muita coisa durante as 294 páginas, aconteceu tanta coisa, que em várias partes parecia que o autor queria encher linguiça. Sério. Cheguei a pular alguns parágrafos, sabendo que aquilo seria uma apresentação que havia sido prolongada demais ou então um flashback que se fosse mais curto, não iria prejudicar nem um pouco o que estava sendo contado.

Fico até um pouco sem graça em fazer essa resenha diante da maioria que só tem o que elogiar. A história proposta por Sidney é incrível, não achem que não. Uma mulher que pensa estar sendo perseguida, que de repente se vê sendo acusada de cinco assassinatos e que tenta provar sua inocência já é algo interessante, daí você acrescenta o fato de que ela realmente é a culpada. Quer dizer, não ela ela, mas sim uma segunda personalidade que habita seu corpo. Em assuntos assim, uma das coisas que mais me interessam é saber o que aconteceu para que as outras personalidades surgissem e, novamente, no livro isso é algo chocante.

Mas tudo aconteceu rápido demais, em um segundo Ashley já está no banco dos réus e no minutos seguinte já se passou cinco anos e ela ainda está em um hospital psiquiátrico. Volto a repetir, no meio disso ainda há muita narração desnecessária. Complicado de entender? Talvez então a saída seja você ler para ver sobre o que estou falando.

É interessante ver como que todas as personalidades se casam e as explicações da existência delas são bem tristes, não vou dizer que o autor forçou para que todas aquelas situações acontecessem com a mesma mulher, porque sei que isso realmente acontece - por isso a luta feminista é tão importante. Eu preciso muito desabafar algo que me incomodou demais com o livro (talvez seja isso que está me fazendo ficar desapontada com ele), mas é um grande spoiler, então vou deixar em letras miúdas quando terminar o texto. Ok?

Sidney é um autor que percebi que consegue dominar sua escrita, seu livro teria um proveito muito melhor se ele fosse aprofundado no assunto TDI, pois da maneira em que está, é somente mais um livro policial na óptica da culpada, tornando bem superficial a maneira que falou sobre o transtorno e o jeito em que a personagem lidou/conviveu com ele após descobrir. Ah, sobre a cena final? Vi algo semelhante na series finale de United States of Tara. Viu o que eu quis dizer? Obras diferentes em anos diferentes, mas ao tratar do mesmo assunto, conseguem fazer com que torne isso parecido, com as mesmas ideias e desenvolvimento, até mesmo o "debate" entre céticos e believers acontece. Mas enfim, a melhor parte do livro sem dúvida é a do tribunal, ver a batalha entre promotoria e advogado de defesa sempre é algo bacana.

Se alguém tiver uma sugestão de obras que falam sobre TDI ou outros distúrbios psicológicos, sinta-se à vontade para me indicar. Seja aqui nos comentários, e-mails, twitter, facebook, sei lá hehe

As letras miúdas cheias de spoilers, leia por sua conta e risco:
Quando descobrem sobre o abuso do pai de Ashley, o doutor tenta fazer com que Toni supere a raiva, chegando em um momento em que ela fala que o pai dela não teve culpa por abusá-la, que ela não estava mais brava. E isso fica ok pra todo mundo do livro! Sério. Não rola uma única cena de indignação, nem mesmo pela Ashley e nem da parte do doutor que se diz apaixonado por ela! O cara estuprou a filha e fica tudo certo, ele até mesmo acaba casando com uma mulher mais jovem que tem uma filha (é nessa parte que vimos uma reação de Toni, mas é em relação a criança, não a ela mesma). Mesmo sendo encenação de Toni para o doutor, a fim de que ele liberasse logo Ashley do hospital, essa parte do livro é bem WTF. Impossível continuar lendo normalmente o livro após essa parte. Dá nojo. Aparentemente, o autor tenta se redimir ao deixar subentendido que as três se uniram para matar o pai de Ashley, mas isso não apaga o fato de que ninguém mostrou indignação nas páginas anteriores.

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