Resenha: O Teorema Katherine

22.4.16

Título: O Teorema Katherine
Autor: John Green
Ano: 2013
Páginas: 304

Antes de começar a resenha, preciso reconhecer algo aqui: após os primeiros zum-zum-zuns sobre o livro A Culpa é das Estrelas, falei para meio mundo que não iria ler livros de John Green, afinal, de Nicholas Sparks, o mundo literário, para mim, já estava suficiente. Só de falar em romance meloso (com o plus de final que te deixa mais triste do que quando vê que tem zero dinheiro no bolso) já reviro os olhos e sigo em frente com a minha vida. Mas quando uma coisa acontece, ela simplesmente acontece. E foi assim com O Teorema Katherine. Um belo dia a biblioteca da universidade disponibilizou livros literários e eu, como estava sem muita coisa para fazer, comecei a ler. Não terminei naquela época, na verdade, demorou mais de um ano para que eu retornasse à leitura e finalmente finalizasse. Terminei há quatro dias para ser mais exata.

Sobre o que se trata o livro? Amizade? Superar um amor? Matemática? Ou tudo isso junto? Para quem é totalmente de humanas (como eu), o livro pode ser um pouco meh quando chega a parte dos gráficos, então assim como fiz durante a leitura, farei nessa resenha: não darei muita atenção para esse detalhe. Amei ter lido o livro, não sei especificar o motivo, ele apenas me deixou com uma sensação boa. Sabe quando você termina a última página e respira fundo com um sorrisinho no rosto? Essa foi eu terminando de ler O Teorema Katherine. Ele não tem uma super aventura, um super mistério ou um super romance. John Green quis contar somente a história de um garoto que cai na estrada com seu melhor amigo para esquecer um grande amor. É isso.

Colin, um prodígio, quer dizer, gênio, até agora só namorou garotas chamadas Katherine, 19 para ser mais específica. E levou um pé na bunda delas. Hassan, o melhor amigo de Colin, um islamita que o chama mais de kafir do que propriamente Colin, não perde uma única piada (mesmo quando a situação não tá bacana). Ambos acabam ficando em uma cidezinha, Gutshot, onde supostamente o arquiduque Francisco Fernando está enterrado. Isso mesmo, aquele que cujo a morte foi a gota d'água para que a I Guerra Mundial começasse. Hollis e sua filha Lindsey acolhem os meninos na grande mansão cor-de-rosa que vivem e é nessa pequena cidade do Tennessee que eles começam a descobrir algumas coisas a respeito dessa louca viagem que é a vida.

Com o coração completamente partido e querendo evitar qualquer sofrimento futuro, Colin decide criar uma equação matemática (que é de verdade sim! John Green tem um BFF matemático que o ajudou no livro) para conseguir prever quanto tempo os próximos relacionamentos dele iriam durar. Para o garoto, no mundo há dois tipo de pessoas: os terminantes e os terminados. E eu concordo com ele. Sempre tive essa ideiazinha na cabeça de que há um grupo de pessoas propensas a terminar e um outro de propensas a serem terminados (como ele também explica, não necessariamente os terminados sofrem sempre e nem sempre não desejam o fim do relacionamento). Mas eu não sou tão chata com essa ideia como o Colin é. Sério. John Green não tem medo de mostrar o personagem cheio de falhas e às vezes beirando o ridículo, afinal, as pessoas são assim; Colin pensa só no próprio umbigo, como se fosse a pessoa mais importante com o futuro mais catastrófico, tem alguns momentos que ele pega o papel de coitadinho e não quer soltar mais. Se eu ficava revoltada com ele dessa maneira? Sim. Se eu passei a não gostar dele por se mostrar tão humano? Não. Eu amo quando os personagens são escritos de maneira tão cotidianas que aparenta ser possível tateá-los. A amizade entre o kafir e Hassan é bem real também, sendo Hassan uma mistura de paciente e sincero, joga na lata porém deixa quieto. Colin tem a sorte grande de ter encontrado alguém como Hassan. Ah, tem a Lindsey, achei incrível! Espontânea e alegre. Um bom trio eles formam!

Agora, voltando ao teorema. Colin, como um cara voltado para exatas, apesar de se dar muito bem com letras (como consegue lidar tão bem com anagramas?!), pensa que há chances de entender e prever o comportamento humano através de números. Talvez seja seu ego ou a bola transparente que o envolve quando o assunto é romance, mas ele realmente acha que.consegue.prever.o.futuro.de.um.relacionamento.através.de.números. Li que existem pessoas que realmente buscam uma fórmula para amor e casamentos, cientistas, pessoas que tem mesmo um diploma e que são mesmo levadas a sério. Aí eu me pergunto: tudo pode mesmo ser matemático? Ser humano, ou seja, ter todas essas emoções e fazer tantas decisões pode mesmo ser "prevista"  através de equações?

Se pode prever alguma coisa, algum tipo de duração, não há nada de comprove até hoje, mas não tem como negar que os acasos acontecem, ninguém pode achar que sabe o que o próximo está fazendo ou que fará a seguir. Como Colin percebeu, coisas acontecem, pessoas terminam, pessoas recomeçam. Nada me deu tanto um novo ar como o final da história. Um final com um q de recomeço. Um final com um clima de apenas viva, supere, chore, ria, mas sempre continue. Não sabemos nosso destino, mas depende da gente ter coragem suficiente para ligar o carro e partir.

O livro é cheio de quotes interessantes, mas essas foram as que mais ficaram me rondando após a leitura:

"Alguma vez você já se perguntou se as pessoas gostariam mais ou menos de você se pudessem vê-la por dentro? Sempre me pergunto isso. Se pudessem me ver do jeito que eu me vejo, se pudessem viver nos meus pensamentos, será que alguém, qualquer pessoa, me amaria?"

"Não acho que nossos pedaços perdidos caibam mais dentro da gente depois que eles se perdem. Como Katherine. Agora foi a minha ficha que caiu: se eu de alguma forma a tivesse de volta, ela não encheria o buraco que a perda dela deixou."

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2 comentários

  1. Sem dúvidas amei sua resenha Helena! Senti exatamente a mesma coisa quando terminei o livro e gostei muito da história do João Verde. Morro de amores pelo Hassan! Quero ele como meu BFF!
    Beijos!
    https://www.booksofclara.blogspot.com

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    Respostas
    1. Obrigada, Clara! Hassan é a melhor pessoa, fiquei morrendo de vontade de ter ele como amigo também :o
      Bjss

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