O ano que vai não deve permanecer no que chega

26.12.17


Todo fim de ano é o mesmo ritual. Nós refletimos nas coisas que aconteceram e no que queremos. Alcançamos os objetivos? Ganhamos muito? Perdemos também? O que deve ser feito para que o próximo ano seja diferente?

Ninguém realmente gosta da monotonia. Não que todas as pessoas amem as mudanças a todo tempo. Mas viver parado é impensável. Por qual motivo desejaríamos que o próximo ano seja exatamente igual a este que está acabando? Mesmo se houve muita glória e sucesso, o natural é focar em outros patamares. Viver da mesmice não dá certo.

Talvez seja mesmo a hora do renovo, o momento que olhamos para nossos erros e decidimos deixá-los para trás. Amores que passaram. Amizades que não duraram. Sentimentos que foram combustíveis para crises de tristeza e choro. É fácil nos deixar dominar pelo sentimento de renascimento que o primeiro dia de janeiro traz. Uma semana antes do ano mudar já vivemos a expectativa de uma vida melhor. Sonhos se transformam, evoluem e parecem reais. Nos enganamos, juramos que também seremos diferentes. Pode ser que isso realmente aconteça. Pode ser que não.

O que sei é que tudo isso não deve ser meramente desejos de um ano que começa. Isso requer esforço. Muito esforço. Não é o impulso de querer mudar que vai fazer com que a mudança realmente aconteça. Tem trabalho. Muito trabalho. Por toda minha vida quis ser alguém diferente do que eu realmente era, sempre choraminguei quieta sobre minha falta de sinceridade comigo mesma em ser quem sou. Resolvi tentar ser quem queriam que eu fosse. Mergulhei fundo. Até mesmo acreditei que era real tudo o que eu vivia. Mas não deu. O tombo veio e eu percebi que uma mentira quando é bem contada faz com que nós mesmos acreditemos. E, como já disse, eu acreditei.

Mas uma mentira é uma mentira. Quando o véu caiu, percebi o quanto todos eram tão errados. Ninguém conseguia se agarrar à honestidade e empatia que tanto discursavam. E eu, tola, me agarrava nessas qualidades inexistentes deles. Aprendi que não devo fazer isso. Aprendi que devo cultivar isso em mim e, somente em mim, agarrar. Quanto mais não me reconheciam, mais eu me identificava. Foi em uma tarde regada a vinho barato que decidi ser sincera comigo mesma. Eu não acredito em felicidade, acredito em momentos felizes. Não me importo se não entendeu isso.

Desde então, entre crises profundas de tristeza e solidão, tenho momentos felizes. Aqueles minutos que percebo que reconhecer quem sou, nem que seja somente para eu mesma, foi a melhor decisão que já tomei. Não foi fácil. Não mesmo. Também não digo que hoje sei exatamente quem sou e o que quero, mas posso afirmar que sei muito mais do que sabia antes. Deixei a venda cair. Não penso que deveria ter desatado o nó antes, eu precisava mesmo passar pelo que passei. Prometer, várias vezes, que o ano seguinte iria ser melhor, mas ver que quando o ano findava, de nada ele havia acrescentado. Pensar que escrever objetivos em um papel e colá-lo no fundo do armário faria com que eles fossem realizados.

Eu desejo isso para todos. Não essas promessas e desejos que só vão para frente de houver alguém empurrando. Mas a força de vontade para cumprir cada item que existe na lista de promessas. Quer dizer, não façam promessas, sabemos o quão difícil são cumpri-las e no quão fácil elas são feitas. Listem objetivos práticos, sejam eles de curto ou longo prazo. Tracem metas. Registrem conquistas. Façam roteiros. Tomar as rédeas da vida não é uma coisa que acontece facilmente, muito menos é algo permanente. Viver é algo contínuo e cheio de mudanças, então por qual motivo ter controle sobre como sua vida é conduzida não seria?

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