Emagreça e recupere sua autoestima!

18.4.18


Eu, honestamente, não suporto quando vejo essa frase nas propagandas. Como se o peso fosse a única coisa que impedisse a pessoa de ter uma boa autoestima.

Não que isso seja errado para todas as pessoas, claro que existem várias que estão em um péssimo lugar por se sentirem mal com o número na balança. Mas é muito injusto generalizar, falando que o amor por si depende do quanto mais leve você pesa.

Eu sempre fui uma pessoa gordinha e até os 12 anos eu não me importava com isso - hoje vejo que fui sortuda por nunca ter sofrido bullying. Mas com a chegada da pré-adolescência, a preocupação com o número de roupa que eu usava começava a surgir. Comecei a pular algumas refeições e se eu exagerasse um dia, passava os próximos sem comer direito tentando compensar. Já tive época que ficava sem comer por alguns dias. Mas eu não emagrecia, havia estagnado em um peso e dele não conseguia sair. Isso me deixava muito mal, mas eu sempre pensava "assim que eu emagrecer 'x' kilos vou ficar satisfeita e feliz". Ah, o doce e não tão inofensivo pensamento do 'se eu emagrecer, vou gostar de mim'. E foi assim que me enganei por anos. Insatisfeita com meu corpo, com vergonha e esperando o dia em que eu finalmente chegaria no peso que, na minha cabeça, era o ideal para mim.

O cenário começou a mudar há dois anos. Após o fim de um relacionamento é comum as pessoas se refugiarem na comida ou não sentirem vontade de se alimentar. Comigo aconteceu o segundo. Aproveitei e mudei meus hábitos alimentares, afinal, nunca fui de me exercitar. Naquele ano emagreci pouca coisa. Foi ano passado que a transformação realmente aconteceu. Eu deixei de lado essas mudanças alimentares, mas sem explicação alguma eu continuei emagrecendo. Nada na minha rotina havia mudado. Até que esse ano finalmente cheguei no peso que eu tinha colocado como meta para finalmente me aceitar e ser feliz. Mas ainda não havia notado uma diferença em mim, em como eu me via.

É estranho como as coisas estão impregnadas na nossa cabeça. Se passaram dez anos, mas ainda me vejo com a menina gordinha que vivia murchando a barriga para que ela parecesse menor. Por mais que todo mundo ao meu redor falasse, em tom de preocupação, sobre o quanto eu havia emagrecido, eu simplesmente não conseguia acreditar, para mim era um exagero aquilo tudo. Quando finalmente me toquei, fiquei aflita. Isso aconteceu quando voltei a usar uma numeração que a última vez que tive alguma roupa dela foi quando eu tinha 11 anos. Era para que eu finalmente encontrasse minha felicidade, certo? Não era isso que tanto procurei nessa última década? Mas ironicamente, continuei triste. E o fato de eu ficar triste por ter emagrecido só me deixava mais triste ainda. Era como um labirinto horroroso do qual eu não conseguia me livrar. Quanto mais procurava uma saída, mais me perdia.

Foi nesse momento que percebi que deveria deixar de lado minha preocupação com o peso e tentar encontrar outras maneiras de aumentar minha autoestima. É um caminho de flores e pedras, mas é um caminho mais seguro. Recuperei um pouco do peso e não fiquei arrasada como ficaria em tempos anteriores, então acredito que estou trilhando corretamente. O que tiro disso para falar a outros? Não, a sua autoestima não depende do seu peso. Não é algo que dê para encaixar uma regra de três, onde quanto menor o peso maior o amor próprio. É diferente. Exige mais cuidado do que mudar a dieta ou entrar na academia. Se amar não depende da quantidade de dobrinhas que a barriga faz quando você senta, de como seu braço balança quando vai dar tchau ou daquela papinha que surge no queixo quando acha graça de algo.

Se amar depende da disposição que tem em rir até a barriga doer, de dar uma calorosa despedida sabendo que a pessoa também sentirá sua falta e de fazer caretas em meio a brincadeiras com quem gosta. Bom, não existe uma receita certa sobre como recuperar a autoestima. Encontrar motivos para ser feliz a cada dia talvez seja um bom primeiro passo. Até mesmo para aqueles dias em que parece que nada irá dar certo. E, mesmo que não dê, pelo menos tentou, fez o melhor que pode para a única pessoa que vai estar sempre contigo: você mesmo.

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