E se todos os garotos que já gostei recebesse uma carta que dissesse o que já senti por eles e o que me fez desistir de gostar deles? Como eu reagiria? Iria sair correndo? Fazer a sonsa? Assumir?

Não sei se dizer que me identifiquei um pouco com a história é algo bom ou algo ruim. Afinal, quando era adolescente, já tinha passado pela minha cabeça fazer isso. Se eu soubesse que iria desenvolver meu lado escritora alguns anos depois, será que eu estaria no lugar da Jenny Han? Bom, a respostas para essa pergunta nunca irá ser respondida, mas pelo menos ela me apresentou Lara Jean, uma adolescente que, ao contrário de mim, escreveu mesmo as tais cartas de (des)amor. Perdi duas oportunidades. Preciso ser mais atenta.

Lara Jean é uma protagonista certeira. Não é chata. Não é perfeita. Não é forçada. Na verdade, ela é muito gente como a gente. Bem comum mesmo. É a filha do meio de um médico viúvo, sua irmã mais velha, Margot, está indo estudar em uma universidade na Europa e a mais nova é a pessoa mais determinada da história. Essa mudança da irmã mexeu muito com Lara e, ter suas cartas misteriosamente enviadas a todos os destinatários não ajudou muito. Eu acho que o mais importante da história não é nem sobre os garotos e as cartas, mas sim a relação familiar e o processo de amadurecimento de Lara Jean no decorrer dos acontecimentos. No começo do livro conhecemos uma menina muito insegura com a partida da irmã, sem saber o que fará para ser pelo menos o mínimo de influência positiva que Kitty, a mais nova, deve ter e que Margot era. 

A história por si só já renderia muita coisa, mas já pensou se um dos meninos que receberam as cartas é o ex-namorado da sua irmã mais velha? É a partir daí que o livro se justifica. A fim de mostrar para Josh que tudo aquilo era realmente passado, Lara Jean toma algumas decisões que a princípio parecem ser simples de controlar, mas que obviamente saem do controle. Como é narrado em primeira pessoa, a visão que temos dos outros personagens é bem limitada, somente vimos da maneira que Lara vê, mas em gêneros como esse é a melhor escolha para narrativa. Flui melhor, as inseguranças e ideias típicas de adolescentes fazem mais sentido. Se bem que Jenny Han sabe escrever YA, sua escrita é leve, tranquila e até mesmo romântica.

Para Todos os Garotos que Já Amei é o primeiro livro de uma trilogia. Ainda não li a sinopse dos próximos, mas imagino que Jenny vai optar em mostrar os garotos das cartas restantes (não aparecem todos no primeiro livro) e a resolução do triângulo até o final, onde a personagem vai ter que tomar a importante decisão de qual universidade ir. Minhas suposições não são spoilers, certo? São apenas suposições... mas na duvida, é melhor parar por aqui. Vou procurar por PS: Ainda Amo Você. Acho que to meio enferrujada com as resenhas.