Demorei milênios para escrever esse texto. Nunca soube exatamente qual era o motivo que fazia com que ele nunca fosse concluído. Mas então hoje descobri.

Meu objetivo com esse sétimo texto era para que esse lugar que existe apenas na minha mente fosse um lugar de fuga. Quando todos em minha volta estão me pressionando, tipo quando até mesmo qualquer mosca que voa em volta da minha cabeça se torna fonte de estresse e eu preciso me afastar. Então iria correndo até ele para encontrar a tal paz. Mas querer escrever isso é a mesma coisa que querer mentir. É complicado admitir coisas negativas para si, mas depois que isso acontece, as coisas fluem. Assim como esse texto.

O lugar que existe apenas na minha mente, com toda certeza, é o meu inferno. Sim. Meu inferno particular. Aquele em que apenas eu tenho acesso. Aquele que eu não quero exteriorizar. O que muitos amigos próximos acham que faço isso por completo com eles. Mas, assim como icebergs, a gente nunca fala exatamente tudo o que se passa conosco, mesmo se quem nos escuta é a pessoa com quem temos mais afinidade e intimidade. Eu sei que meu inferno existe apenas na minha mente. Tenho a consciência de que mais da metade das coisas que me atormentam foram construídas pelas minhas incertezas e inseguranças.

Mas saber isso não impede que elas existam. Se assim fosse, boa parte do problema do mundo desapareceria. "Mas se esforce!" dizem alguns. Como se fosse normal do ser humano se entregar à tortura sem lutar antes. Me pergunto como as pessoas lidam com seus infernos particulares. Será que até mesmo essas que acham que ao falar "Isso é coisa somente da sua cabeça" tem os seus próprios? E caso tiverem, será que elas se olham no espelho e falam para si "Isso é coisa somente da sua cabeça" ou apenas fingem que ele não existe?

Não é como se elas também admitissem em voz alta. Fazer isso, mesmo que sozinha, é amedrontador. Com certeza a sinceridade facilita o processo, mas a força que precisa para isso dá a impressão de que é impossível. Falando ou não - com um amigo ou para o espelho -, uma coisa é certa: temos que aprender a viver com isso. Parece injusto. Por que deveríamos viver com esse lugar que nos puxa para baixo a todo momento? Como podemos fazer isso? Para falar a verdade, eu não tenho a mínima ideia, assim como cada um que está lendo esse texto. Talvez esse seja um dos objetivos, superar a maior dificuldade que temos. Afinal, uma prova alguma hora nós conseguimos ir bem. Um emprego uma hora aparece. É mais fácil ter fama na internet do que superar o monstrinho que vive dentro da nossa cabeça. Qualquer obstáculo, por mais complexo ou confuso que seja, pode ser vencido com menos suor do que o nosso inferno particular. Mesmo ele existindo apenas em nossa mente.