Manuela pensava em quando a palavra liberdade vinha em sua mente na infância.

E nada mais vinha em sua cabeça do que a voz experiente de sua avó, uma senhorinha de setenta anos que cantava somente musicas de quando era uma jovem formosa. Tinha uma em especial que acompanhava todas os questionamentos sobre liberdade, mas não a liberdade na visão da pessoa que a conseguiu, mas sim em quem foi deixado para trás, a música era mais ou menos assim

Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,

Voou, voou, voou, voou

E a menina que gostava tanto do bichinho,

Chorou, chorou, chorou, chorou

Ela se perguntava em que ponto de sua vida iria deixar de ser um sabiá e passaria ser a menina. Manuela sempre ansiou a liberdade, deixava muito claro para todos em sua volta, mas um dia lhe perguntaram o que aconteceria caso a situação se invertesse, a garota ficou sem resposta. Ela nunca cogitou não ser o sabiá nessa canção.

Sabiá que saudade...

Volte logo pra cá.

Sabiá que saudade...

Quero ouvir teu cantar.

A saudade sempre foi uma coisa dolorosa, Manuela sabia disso, mas para ela, que sempre fora o sabiá, não doía tanto, ela sabia medir. Se um dia fosse a menina, será que ficaria triste tanto quanto fica a da música? O que amenizava a preocupação que tinha sobre quando ela fosse a garota? Bom, sabiá dava uma garantia em que ela confiava totalmente

A menina diz soluçando,

Sabiá estou te esperando,

Sabiá responde de lá,

Não chore que eu vou voltar...

(Texto de hoje foi especial para mim, minha avó sempre canta essa música antiga, não tive como não escrever sem pensar nela ♥)