Havia passado o último mês trancada em sua casa, e naquela fatídica férias seus melhores amigos até então haviam sido somente seu notebook e seu smartphone. Isso foi o resultado de um turbulento fim de namoro. Ela até então havia evitado qualquer ser humano que tentasse melhorar seu humor.

Desesperados pela filha que não queria mais viver - pelo menos não naquela férias de verão -, seu Joaquim e dona Carmem decidiram passar em família uma quinzena inteirinha na praia. Gabriela querendo ou não. A princípio houve reluta da garota, seu mundo havia sido destroçado por um jovem de vinte e um anos. Vai querer fazer vinte anos e ainda estar nesse seu mundo fechado? era o que sua mãe lhe perguntava. Aliás, Gabriela faria vinte na semana seguinte.

Foi dormir com a promessa de pensar bem no assunto. E fez mais do que isso, a garota sonhou sobre.

Gabriela estava com biquíni vermelho de bolinhas brancas, bem pin up, chegava na praia animada e já falava em alta voz o quanto amava o verão. Ajudou o pai a montar a tenda, mas não ficou muito tempo ali, comprou uma água de coco e subiu em uma pedra que ficava no canto da praia, observou os surfistas e aproveitou o sol, estava decidida a voltar toda bronzeada para a faculdade. Comeu camarão, queijo coalho assado e peixe frito. Passou por algumas ondas e conseguia sentir o sal pinicando seu corpo. Sentou na beira da praia e enterrou seus pés na areia molhada, abraçou seus joelhos e assistiu o pôr-do-sol, um dos mais lindos que já viu. Notou que um siri caminhava de lado ao seu lado, pensou em brincar com ele, mas sentiu pena da criatura, em alguns segundos o pequeno animal já havia se enfiado embaixo da areia.

Mal acordou e Gabriela começou a fazer as malas. Mal esperava sentir as mesmas sensações que sentiu em seu sonho. Ela não gastaria seu verão em um estado depressivo. Verão é sinônimo de alegria, então decidiu que assim seu humor seria.