Classic Who: primeira temporada

16.7.18


Se tem uma coisa que deixo muito explícita na minha vida, essa coisa é: eu AMO Doctor Who. Eu. A que enjoa das coisas. A que geralmente perde o ânimo com alguma série após sua terceira temporada.

Durante algum tempo contribui para o site Séries em Foco. Fiz muitas coisas nele, uma das últimas foi escrever posts sobre o Doctor. Agora quero voltar a fazer aqui no meu blog. Esse post originalmente foi escrito para ele em 2016 e pode ser lido aqui. De lá para cá finalizei essa temporada (e algumas outras), então decidi reescrever algumas coisas nele.

Sempre que falo para algum amigo começar a assistir Doctor Who, a maioria vem com algo como “ah, essa série é infinita”. Não é à toa que é considerada como a série de sci-fi mais longa da história (e também como a série de sci-fi mais bem sucedida), mesmo com a New Who iniciada em 2005 e não ser muito afetada pela clássica (que foi ao ar entre 1963 e 1989). Mas também nem mesmo dá para tentar convencer o contrário, depois que percebemos que estamos apaixonados pela série, a vontade de começar a popularmente conhecida Classic Who é enorme. Precisa um pouco de coragem para assistir os quase setecentos episódios, mas para um whovian, é possível lidar com isso. Se organizar certinho, todos os episódios são assistidos. Então, caso você esteja aqui por curiosidade quanto a era clássica ou para saber mesmo o que acontece (com intuito de decidir se assiste ou para saber sobre a série sem precisar assistir), dou meus cumprimentos: seja bem-vindo e espero que goste tanto da clássica quanto eu estou gostando. 

Ainda não finalizei a Classic Who, ainda tenho muitas outras temporadas pela frente (screams internally), mas pelo lado positivo, ainda está tudo muito fresco em minha cabeça, que convenhamos, é a melhor condição para poder opinar em algo, não é mesmo?  Mas antes de começar o tour pela era clássica dessa tão aclamada série, vamos fazer algumas breves explicações: 

Sério que o nome do personagem é Doctor? 
Olha, nome de nascença não é. Nunca, nessas quase quarenta temporadas da série, foi revelado o verdadeiro nome dele, mas o Doctor se apresenta como Doctor porque "o nome que você escolhe é como uma promessa que você faz", uma crença dos Time Lords. E isso condiz perfeitamente com o que sempre observamos dele: seu principal objetivo é “curar” o universo. O Doctor não usa armas e sempre surge quando alguém está com problemas e/ou sofrendo. Por isso é comum que, ao chegar nesses lugares e se apresentar, as pessoas soltem um: Doutor quem? 

E que caixa azul é aquela? 
É a Time And Relative Dimensions In Space, mas para os íntimos é somente T.A.R.D.I.S. Foi nomeada por Susan, neta do Doctor original, ou seja, o 1st. A princípio foi criada com um “circuito camaleão” que se adaptaria conforme o local e a época, mas como dinheiro da BBC não nasce na terra, o canal decidiu que não iria mudar o formato da nave. No episódio piloto Susan explica que a TARDIS mudava, mas que após adaptar para a cabine telefônica policial, o sistema travou, impossibilitando as mudanças. 

Vamos agora fazer as considerações sobre a primeira temporada de Doctor Who? Ou melhor, a 1ª primeira temporada!


Composta por oito arcos, a série já começou me chocando ao mostrar seus quarenta e dois episódios. Mas tentei permanecer tranquila, afinal, de arco em arco a gente consegue terminar a temporada. O primeiro, An Unearthly Child, foi muito fraco, devo admitir. Os personagens ainda estavam se conhecendo, os atores se ajustando e a produção recebendo o feedback do público. Tudo isso acontecia nos primórdios da humanidade, onde os humanos ainda viviam em caverna e mal conheciam o fogo. Fomos apresentados aos três primeiros companions do Doctor. Três? Sim, três! Nós tão acostumados com um ou dois nas temporadas atuais, ficamos surpreendidos ao ver a série iniciando logo com três. 

A mais experiente era Susan, pois já viajava com ele, afinal, ela é a neta do próprio! E os mais velhos, porém, totalmente novos no assunto de viajar no tempo e espaço, Barbara e Ian, professores da escola que Susan frequentava. A neta do doutor se mostrou uma personagem nada digna de sua posição. Seus gritos quase sempre desnecessários, estouravam os tímpanos. Não vi ninguém, a princípio, gostar da personagem. E o Doctor? Também não caiu nas minhas graças de primeira. Com uma personalidade muito longe da humana que somos acostumados a ver na série atual, suas falas geralmente eram seguidas do gesto fala com o batman feito por mim. Eu tinha mesmo que continuar a assistir uma série cujo os principais não me agradavam nem um pouco? Tinha! Era Doctor Who e havia tanto Barbara como Ian para segurar as pontas enquanto a evolução dos outros dois personagens acontecia.

O segundo arco, The Daleks, nos apresentou o maior inimigo do Doctor de todos os tempos: os Daleks. Não havia tanto ódio, a grandiosidade da história ainda não existia, mas com certeza já havia o famoso Exterminate! Exterminate! Exterminate!, apesar de não serem uma raça tão fria quanto é hoje. Existia também uma “guerra” acontecendo, uma com os Thals, povo que dividia o planeta Skaro com os Daleks. The Edge of Destruction foi curto, mas muito interessante pois mostrou pela primeira vez que a TARDIS tem consciência. Todo mundo ali ficou meio louco, foi estranho.


Chegamos no arco mais cansativo de toda temporada: Marco Polo. Por quê? Bom, a BBC, no passado, teve a maravilhosa ideia de destruir algumas cópias únicas da série a fim de liberar espaço, naquela época guardar um programa não era simplesmente arquivar em computadores, nuvens ou coisas semelhantes, era necessário um espaço físico. Ah, Doctor Who? Não vai muito pra frente, não vai fazer diferença, vamos jogar fora esses negócios e liberar espaço. Foi o tempo de alguns fãs descobrirem isso e já começou a loucura de “wow, a série realmente pode dar lucro futuramente”, mas a BBC descobriu isso apenas depois de destruir quase cento e dez episódios da década de sessenta. O arco Marco Polo está entre esse número. Por isso é o mais cansativo: ele é inteiro recon. Recon basicamente é um episódio reconstruído com fotos e áudio. É, é uma fotonovela com áudio. Sete episódios recon. Sete. Não preciso comentar mais nada. Vamos para o próximo arco?

Em The Keys of Marinus eu já estava elegendo Barbara como a nova 1st Doctor. Até o momento, ela ocupa a primeira posição na minha lista de melhores companions. Mulher extremamente inteligente e independente, fiquei encantada com a maneira que ela lidava com as situações, muitas das vezes até mesmo melhor de que o próprio Doctor (por isso minha substituição). Ela saía das situações com muita sorte e facilidade. Posso ser repetitiva ao falar em quanto fiquei fã dela nessa primeira temporada?

The Aztecs e The Sensorites foi essencial para mostrar a evolução tanto do Doctor quanto de Susan. Ele começou a mostrar ser o doutor que amamos conhecer e Susan deu um descanso para suas cordas vocais ao parar com a gritaria. Aliás, é digno de comentar que The Sensorites foi o primeiro arco no futuro, com humanos do futuro e aliens – não estou contando com o Doctor e Susan, obviamente. Apesar do roteiro continuar na mesma fórmula (eles chegarem em um local e as duas maiores autoridades de lá se dividirem: uma acredita e ajuda, a outra é desconfiada e quer prender todos os intrusos), é possível notar o amadurecimento da direção e as falas mais estruturadas. E, assim, Doctor Who começa a solidificar sua forma. Como foi Marco Polo, em The Reign of Terror tem episódios perdidos, mas a diferença entre os arcos é que enquanto Marco Polo foram todos os episódios e eles apenas em recon, em The Reign of Terror, dois de seus seis episódios foram reconstruídos em animação. Não é uma esplendorosa, mas certamente a experiência de assistir o arco foi muito mais tranquila do que em Marco Polo. Esses dois episódios foram feitos em animação para serem lançados em um DVD do arco em 2013.




Quando vocês eram menores, algum parente ficava comentando sobre como eram as produções no tempo em que eles eram crianças? Comigo acontecia muito isso. Vivia escutando sobre as maquetes e em como pareciam reais para eles na época. Com Classic Who pude observar muito bem isso. Não que elas aparentavam serem reais, mas sim que era um recurso muito utilizado. Como, por exemplo, para ter uma cena do alto e aberta da TARDIS, a produção recorria a maquetes para fazer isso. O que dizer das atuações? Certamente elas melhoraram muito daquela época para cá. As caras e bocas, os dramas desnecessários e os movimentos precisamente marcados sempre fazem com que uma risada e outra escape durante os episódios. Principalmente nas cenas de luta. Ah, as cenas de luta...

Fazendo um saldo final da primeira temporada, digo que: a princípio, Doctor Who aparentou muita despretensão ao mostrar viagens em lugares aqui na Terra, às vezes o próprio Doctor e Susan mostravam certa inexperiência em aventuras, o que contradiz um pouco a própria garota que volta e meia conta um pouco de algumas de suas viagens com o grandfather. Mas então tudo vai melhorando, desde o destino das viagens até o desenvolvimento dos personagens. Ainda acho Barbara a melhor entre os quatro, seguida por Ian, só então depois vem o Doctor e Susan. Essa formação ainda permanece na segunda temporada, apesar de que, pelo o que já andei olhando, não muito tempo depois a troca é feita (e eu morrendo de vontade de conhecer as outras companions). Mas no fim das contas, gostei da primeira temporada, o final fez bem seu papel de criar certa ansiedade para a seguinte.

Curiosidades
No episódio The Forest of Fear do primeiro arco, o Doctor solta da frase “Fear makes companions of us all”. Essa mesma frase foi dita por Clara Oswald em Listen, episódio da temporada de 2014.

Por ter 42 episódios, a primeira temporada da Classic Who ficou por quase um ano inteiro no ar. Já pensou se isso existisse hoje em dia? Teríamos o pró de não entrar em um poço de tristeza e saudade por causa do hiatus, mas o contra certamente seria que enjoaríamos com facilidade, já que hoje tudo é muito passageiro, inclusive no mundo das séries.

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