Conheça: GLOW

18.7.18


Garotas e luta livre? Em GLOW elas aproveitam para serem quem realmente são.

Nos anos oitenta, nos Estados Unidos, houve uma campanha chamada GLOW (sigla para Gorgeous Ladies of Wrestling). Seu objetivo era promover a luta livre amadora, onde haviam combates muito bem coreografados, protagonizada por mulheres e, trinta anos depois, a Netflix decidiu embarcar na ideia e produziu uma série baseada nisso. Assim como na vida real, as personagens da Netflix são atrizes, modelos ou apenas desejam independência e fazer o que bem entendem.

Em uma época em que o feminismo não era tão disseminado como hoje, Ruth, a que impulsiona toda a história, se declara como uma. Polainas, ombreiras, televisão de tubo, bodys super cavados e maquiagens chamativas não deixam passar de que tudo aquilo acontece nos anos oitenta. Cada mulher ali traçou seu caminho para estar onde está. Ruth, por exemplo, uma atriz fracassada de cometeu o erro de dormir com o marido de sua amiga, encontrou na luta livre uma chance de recomeçar sua carreira e tomar um rumo na vida. Ao longo dos episódios começamos a gostar muito da personagem e a mesma passa a descobrir que mais do que atuar, sua paixão também está em ser diretora do show. E nós torcemos em cada avanço que ela dá em suas tentativas de fazer sempre a coisa certa.


Debbie, a amiga traída, tinha uma vida perfeita: fez um papel que lhe rendeu fama, tinha um marido e um filho. Mas sua vida vira de ponta cabeça quando decide se separar de Mark. Mesmo com Ruth no elenco, ela entra para a equipe de GLOW e acaba se tornando a principal lutadora. Não considere isso como um spoiler, é uma situação lógica para criar conflito na série. Ruth tem o peso de ser líder das meninas e Debbie de ter o nome mais famoso e de ser a lutadora que o público adora. Entre tapas e beijos, nós acompanhamos por vezes sorrindo, por vezes irritados, esse caminho que as duas percorrem tentando entender se a amizade realmente acabou, o quanto o ressentimento dói e o quanto de sucesso uma pode ter sem que a outra sinta que é injusto.

Entre as personagens femininas não há como criar vilãs ou mocinhas, na verdade, GLOW não é sobre isso. É uma história em que o vilão é todo um sistema que dificulta a ascensão da luta livre entre as mulheres. A série mostra muito do preconceito e sucesso que uma mesma coisa pode trazer. Nem mesmo o famoso teste do sofá escapa dessa realidade. O que uma atriz deve fazer para ter seus minutos na televisão? Mesmo com tudo isso, não se deixe enganar, GLOW continua sendo uma série leve, que você assiste sem pretensão alguma. Encontra no catálogo Netflix durante aquela tarde preguiçosa e lenta.

Outro motivo para se interessar por GLOW? Tem Kate Nash! Se você é uma mulher na casa dos vinte anos, provavelmente já deve ter escutado muito Foundations ou Pumpkin Soup. Ela interpreta Rhonda, uma britânica que nos ringues é uma cientista com um QI elevado. Além de Rhonda, temos Cherry e Carmen, as duas responsáveis por ensinar e treinar as meninas, já que Cherry é dublê profissional e Carmen vem de uma família de wrestling. Stacey e Dawn é a dupla de alívio cômico das personagens fictícias (nessa hora dá uma embolada na cabeça, a gente não sabe se fala "personagens das personagens" ou se deixa isso de personagem fictício). Conhecemos Sheila, Tammé, Melanie, Arthie, Jenny, Reggie e Justine. Todas mulheres incríveis e a maioria delas tem suas histórias exploradas até o momento.


São poucos homens na história, ainda bem, já que o que mais interessa ao assistir GLOW é a união que elas tem e em como uma amizade saiu de um programa de televisão de um canal a cabo local. Os principais são Sam e Bash. Sam é o diretor, que no início provavelmente você terá momentos em que a raiva falará mais alto, afinal, ela demonstra falas e atitudes machistas ao longo dos episódios, mas mulheres eu prometo: essas atitudes vão amenizando conforme ele vai se afeiçoando pelas garotas. Mas ele é duro na queda. Já Bash é o amorzinho. Produtor de GLOW, ele é excêntrico e mesmo sendo o rosto masculino bonito da série, em nenhum momento há paixõezinhas, triângulos e dramas em torno disso. É dele algumas das situações cômicas das séries.

A essa altura talvez já tenha percebido: eu realmente escrevi o post pensando mais nas mulheres. Homens o que tenho a ver. Brincadeira. É que GLOW traz muito do empoderamento da mulher, de que ela pode sim fazer o que deseja. Que ela pode sim dar a volta por cima. Estar no controle da situação. E que é ótimo fortalecer os vínculos afetivos com outras mulheres. É sobre não ter vergonha de quem é. Sobre nunca desistir do que quer. Mesmo se existe um monte de homem falando o contrário.

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