Resenha: Qual o seu número?

27.4.17

Título: Qual Seu Número?
Autor: Karyn Bosnak
Ano: 2006
Páginas: 414
"Se você tiver algo que se lembrar de algo em relação ao seu passado, procure pensar nos pontos bons. Afinal, não há nada que você possa fazer para mudá-lo"

Esse post é uma das piores gafes que um resenhista pode cometer: terminei de ler o livro há uns cinco meses e somente agora estou escrevendo a resenha. Poderia ter deixado isso em off, eu sei. Mas preciso justificar que o blog andou às moscas por puramente falta de tempo.

Eu não podia deixar esse livro passar em branco. Não mesmo. "Qual Seu Número?" é um dos meus filmes preferidos de comédia romântica, seria um ato grave não resenhar o livro que deu origem. Esse é mais um clássico "o filme e o livro não tem quase nada a ver". A não ser a essência. Como já é de se esperar, o livro trás com mais detalhes a vida de Delilah e seus relacionamentos passados, assim como quando ela decide ver se dará certo ou não com um de seus ex. Passamos a conhecer cada um deles, a personalidade e o motivo para o término. Fica muito mais fácil de sentir o desespero e o emocional da protagonista. Apesar de Anna Faris ter conseguido passar completamente para as telas isso.

Não, a história não é muito indicada para aquelas que buscam empoderamento da mulher, afinal, o livro é sobre alguém preocupadíssima com a quantidade de pessoas que já se relacionou e querendo evitar aumentar esse número, pois passaria ser considerada como "não é para casar". Fiquei desconfortável quando li o livro, mas confesso que durante o filme consigo evitar esse sentimento de culpa, visto que ele dura muito menos do que a leitura. É aquela história vergonhosa: tem umas coisas que a gente tem guilty pleasure. Embora a mensagem do livro seja a de que número não são importantes, o fato de ele quase inteiro ficar mostrando uma personagem que dá importância, faz com que nos atentemos mais a isso. Sim, infelizmente a história é mais machista do que aparenta ser.

Delilah é uma personagem louca, intensa e, para falar a verdade, um pouco lenta. Daquelas que quando você percebe a decisão que está prestes a ser tomada, apenas solta um "não acredito..." mentalmente. Já disse que ela é louca? Pois então, é muito mesmo. Ela não tem limites quando o assunto é conseguir o que quer. Se colocar alguma coisa em sua cabeça, ela vai cumprir sim. Fica a critério do leitor se isso é um ponto negativo ou positivo para uma personagem. Eu apenas não consegui acreditar em algumas coisas que ela foi capaz de fazer. Mas dá para entender a base para ela quando conhecemos sua mãe. Delilah é desesperada por homem também devido sua mãe que a pressiona muito, ainda mais após sua irmã mais nova ficar noiva. Fica aqui minha crítica ao posicionamento da mãe da protagonista, que a considera lésbica apenas por não ter um relacionamento sério com um homem, um preconceito horroroso, mas que infelizmente é bem comum. Se Delilah fosse mesmo, e daí? Essa situação que a autora quis trazer como um humor não funcionou para mim. O filme ganha do livro por não abordar esses pontos desnecessários.

Para quem gosta de referências, "Qual Seu Número?" é cheio delas. É muito comum encontrar páginas com rodapés explicativos. Gostei muito esse ponto, obviamente. Não vou me aprofundar muito no personagem Colin, ele parece ser mais lúcido do que a protagonista e isso, meus caros, não é uma mensagem bacana se nós olharmos para a janela do "um homem precisa fazer a mulher deixar de ser paranoica e começar a se aceitar", enquanto na história temos toda uma construção de que homens são super importantes e que a mulher deve se limitar, pois se não fizer isso, ela não presta.

Minha opinião é a de que: pegue todas essas ideias que Delilah e sua mãe tem, junte-as e faça ao contrário! Como falei em um parágrafo anterior, o livro termina com uma boa mensagem, mas é curta demais se comparar com o tanto de páginas em que a personagem pratica o slut-shaming consigo mesma. Definitivamente não se tornou uma leitura que eu goste. É um livro do "como não fazer". Uma pena.

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